Resolvi abrir este blog com um texto do Adriano Silva. Este
texto é uma homenagem, a nós, mulheres de 40. Que desde o nosso nascimento até
a partida final, construímos uma vida com estilo e transformando á nós mesmas,
e aos homens que nos cercam, em eternos aprendizes e discípulos.
A Mulher de 40
Tome a mesma mulher aos 20 e aos 40 anos.
No segundo momento
ela será umas sete ou oito vezes mais interessante, sedutora e irresistível do
que no primeiro.
Ela perde o frescor juvenil, é verdade. Mas também o ar
inseguro de quem ainda não sabe direito o que quer da vida, de si mesma, de um
homem.
Não sustenta mais aquele ar ingênuo, uma característica sexy
da mulher de 20. Só que é compensado por outros atributos encantadores de que
se reveste a mulher de 40. Como se conhece melhor, ela é muito mais autêntica,
centrada, certeira no trato consigo mesma e com seu homem. Aos 40, a mulher tem
uma relação mais saudável com o próprio corpo e com seu cheiro cíclico.
Não briga mais com nada disso. Na verdade, ela quer brigar o
menos possível. Está interessada em absorver do mundo o que lhe parecer justo e
útil, ignorando o que for feio e baixo-astral.
Quer é ser feliz. Se o seu homem não gostar do jeito que ela
é, que vá procurar outra. Ela só quer quem a mereça!
Aos 40 anos, a mulher sabe se vestir. Domina a arte de
valorizar os pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar. Sabe
escolher sapatos, tecidos e decotes, maquiagem e corte de cabelo. Gasta mais
porque tem mais dinheiro. Mas, sobretudo, gasta melhor.
E tem gestos mais delicados e elegantes. Aos 40, ela carrega
um olhar muito mais matador quando interessa matar. E finge indiferença com
mais competência quando interessa repelir. Ela não é mais bobinha. Não que
fique menos inconstante.
Mulher que é mulher
se pudesse, não vestiria duas vezes a mesma roupa nem acordaria dois dias
seguidos com o mesmo humor. Mas, aos 40, ela já sabe lidar melhor com este
aspecto peculiar da condição feminina. E poupa (exceto quando não quer) o seu
homem desses altos e baixos hormonais que aos 20 a atingiam - e quem mais
estiver por perto - irremediavelmente.
Aos 20, a mulher tem espinhas. Aos 40, tem pintas,
encantadoras trilhas de pintas. Que só sabem mesmo onde terminam uns poucos e
sortudos escolhidos.
Sim, aos 20 a mulher é escolhida. Aos 40, é ela quem
escolhe.
Também aprende a se perfumar na dose certa, com a fragrância
exata. A mulher aos 40, mais do que aos 20, cheira bem, dá gosto de olhar,
captura os sentidos, provoca fome. Aos 40, ela é mais natural, sábia e serena.
Menos ansiosa menos estabanada. Seus lábios, mais reluzentes. Sua saliva, mais
potável. E o brilho da pele não é o da oleosidade dos 20 anos, mas pura
luminosidade.
Aos 20, ela rói unhas. Aos 40, constrói para si mãos
plásticas e perfeitas. Ainda desenvolve um toque ao mesmo tempo firme e suave.
O jeito de olhar fica mais glamoroso, mais sexualmente arguto.
Aos 40, quando ousa no que quer que seja, a mulher costuma
acertar em cheio. No jogo com os homens, já aprendeu a atuar no contra-ataque.
Quando dá o bote, é para liquidar a fatura. Ela sabe dominar seu parceiro sem
que ele se sinta dominado. Mostra sua força na hora certa e de modo sutil. Não
para exibir poder, mas para resolver tudo a seu favor antes de chegar o ponto
de precisar exibi-lo. Consegue o que pretende sem confrontos inúteis.
Sabiamente, goza das prerrogativas da condição feminina sem engolir sapos
supostamente decorrentes do fato de ser mulher.
Se você anda preocupada porque não tem mais 20 anos - ou
porque ainda tem, mas percebeu que eles não vão durar para sempre - fique
tranquila. É precisamente aos 40 que o jogo começa a ficar bom.
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