Qual a sua moeda do amor ?
Por sermos diferentes uns dos outros, enquanto nos
relacionamos tentamos convencer o outro sobre nossas ideias e desejos. Assim é
o exercício de existir. Portanto, negociar não é, em princípio, um problema ou
uma ofensa. A questão, no entanto, é: com que moeda você negocia?
Em geral, é nas relações mais significativas que mais
negociamos. Afinal, é nelas que os resultados mais contam para nossa alegria e
satisfação ou para nossa frustração e - felizmente - aprendizado. Sendo assim,
tudo começa exatamente aí: quanto você está maduro para lidar com as alegrias e
também com as frustrações que fazem parte de qualquer relacionamento?
Quanto mais infantil e insegura for uma pessoa, mais ela
negociará com moedas que machucam, agridem e desvalorizam o outro. Ao
contrário, quanto mais amadurecida ela for, mais usará moedas que edificam,
acariciam e valorizam o outro.
Sendo assim, o que você faz quando se sente contrariado ou
irritado com o outro? Como você reage? Pensa antes de tomar qualquer atitude ou
age impulsivamente? Deseja apenas dar o troco e provocar nele os mesmos
sentimentos ruins ou olha também para si e se questiona sobre por que você está
se sentindo desta forma?
Tem gente que não quer nem saber! Negocia na mesma moeda!
Não atendeu o celular? Também não vou atender. Não avisou que ia sair? Também
vou sair sem dar nenhuma satisfação. Tem gente que negocia no grito. Fala tudo
o que vem à cabeça, em alto e bom som, geralmente exagerando, relembrando
coisas do passado e esbravejando até o que não deve.
Tem gente que negocia com o silêncio. Dias sem falar com o
outro. Quando ele pergunta o que está acontecendo, a resposta é tão categórica
quanto incoerente: "nada"! Tem gente, em geral as mulheres, que
negocia com sexo. Se o outro saiu da linha, vai pro sofá. Abstinência sexual
completa!
E você, que moeda usa? Qual sua verdadeira intenção? Negocia
para que os dois ganhem ou negocia para que você sempre consiga o que quer?
Deseja conquistar o outro para que, juntos, cheguem a um consenso, ou cobrar,
exigir e 'castigar' quando não consegue o que deseja?
Estou certa de que a
moeda mais poderosa para negociações saudáveis entre pessoas é o diálogo. Falar
o que você sente e pensa e, principalmente, ouvir o que o outro pensa e sente
são escolhas altamente eficazes. Mas, claro, para usar esse tipo de moeda, é
preciso saber o seu valor, é preciso estar crescido a ponto de reconhecer a riqueza
contida nela.
Sei que nem sempre é possível conversar. Às vezes, em
momentos onde os ânimos estão muito alterados, o melhor é calar. E quando nem
calar for possível, que se grite, que se fale demais, que se perca as
estribeiras. Mas que sempre, sempre mesmo, os dois estejam dispostos a retomar
a questão e resolvê-la de modo maduro, ouvindo e considerando o outro - como
ele é, e não como a gente gostaria que ele fosse.
E que, acima de tudo, ambos possam admitir sua parte no
desentendimento e se desculpar, lembrando que o maior desejo é que esse
encontro de amor possa servir para que se tornem mais apurados para a alegria e
para o prazer. Isto é negociar sábia e amorosamente.
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